As fotos deste Blog são de mérito de quem as tirou. O crédito mencionado a cada foto é de quem possui cópias ou até mesmo as originais.

Lugar de Memória


   Maria do Resguardo: o blog como lugar da memória de Juiz de Fora  1

- Rafaella Prata Rabello  2

- Christina Ferraz Musse  3

     IV Encontro Nacional da Ulepicc-Brasil – Rio de

     Janeiro/RJ – 9 a 11/10/2012.

 1 Trabalho apresentado no GT2 – Comunicação pública, popular ou alternativa, IV Encontro Nacional da ULEPICC-Br.

 2 Bolsista Pibic/CNPq, estudante de graduação do 8º período de Jornalismo no Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora e do 6º período de Letras na UFJF. E-mail: rafaella_prata@hotmail.com

 3 Jornalista, mestre e doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Professora da UFJF no curso de Jornalismo e no Programa de Pós-Graduação em Comunicação. Coordenadora do projeto “Cidade e memória: a construção da identidade urbana pela narrativa audiovisual”. E-mail: musse@terra.com.br

 Resumo:

 Neste trabalho, refletimos sobre a construção da memória, a partir da postagem de fotografias no blog “Maria do Resguardo”, criado em 2009, na cidade de Juiz de Fora, MG. O blog disponibiliza 5000 imagens, tem 183 membros e possui mais de 220 mil acessos. As fotografias postadas privilegiam a memória monumental e revelam parâmetros através dos quais podemos analisar os sentidos da cidade que são produzidos por suas representações, com base em autores de História,    Memória, Identidade e Comunicação. São rastros e sinais, que ressignificam a Juiz de Fora contemporânea e resgata laços perdidos entre cidadãos e o espaço público, impregnados pela nostalgia dos tempos passados.

  Palavras-chave: Comunicação, Memória, Esquecimento, Blog, Cidade.

Abstract:

On this work, we think about the memory construction from the posting of photos in the blog “Maria do Resguardo”, created in 2009 in the city of Juiz de Fora, MG. The blog makes 5.000 images available, having 183 members. It also has more than 220.000 views. The photos posted highlight the monumental memory and reveal the parameters through which we can analyze the senses of the city produced by its representations based on authors of History, Memory, Identity and Communication. These are traces and signs that reframe the contemporary Juiz de Fora and bring back missing connections between citizens and the public space, packed with nostalgia of old times.

Keywords: Communication, Memory, Oblivion, Blog, City.

INTRODUÇÃO

  A foto da lápide de uma mulher na apresentação da página. O nome de alguém que nunca existiu. A criação do blog “Maria do Resguardo” partiu da ideia de Marcelo Lemos, nascido na década de 70 e criado em Juiz de Fora.     Ele trabalha com comércio, uma loja de cds há 20 anos no mesmo local, Centro da cidade. É na loja que ele faz as

postagens no blog e reúne os colaboradores e simpatizantes da página. A identidade da mulher da página inicial nunca foi revelada para os internautas, mas se trata da esposa de Marcelo, que ainda é viva. A moldura da foto é apenas uma brincadeira... A Maria também não é real, o blogger gostou do nome e acha que a palavra resguardo remete a guardar coisas antigas.

  Marcelo Lemos sempre gostou de fotos antigas. E também de móveis, carros e outros objetos. Mas achava muito difícil conseguir imagens porque considerava os colecionadores de Juiz de Fora muito fechados. “Eles acham que a História pertence a eles. No momento em que divulgam a foto, ela perde aquele encanto da raridade, da preciosidade. Eu não vejo dessa forma. Foi assim que eu tive a ideia de criar o blog com as fotos que eu já tinha em mãos” (LEMOS, 2012). Mas depois as pessoas começaram a fornecer material para Lemos.

  A criação desse “lugar de memória” pelo desejo do resgate histórico pode ser entendida através do conceito atribuído para esse espaço

       Os lugares de memória nascem e vivem do
       sentimento de que não há memória espontânea,
       que é preciso criar arquivos, que é preciso
       manter aniversários, organizar celebrações,
       pronunciar elogios fúnebres, notariar atas,
       porque essas operações não são naturais. É por
       isso a defesa pelas minorias, de uma memória
       refugiada sobre focos privilegiados e
       enciumadamente guardados nada mais faz do que
       levar à incandescência a verdade de todos os
       lugares de memória. Sem vigilância
       comemorativa, a história depressa os varreria
       (NORA, 1998, p.13).

 Pierre Nora também defende que fala-se tanto da memória porque ela não existe mais. Ele acredita que se habitássemos ainda nossa memória, não teríamos necessidade de lhe consagrar lugares.

      A curiosidade pelos lugares onde a memória se
      cristaliza e se refugia está ligada a este
      momento particular da nossa história. Momento
      de articulação onde a consciência da ruptura
      com o passado se confunde com o sentimento de
      uma memória esfacelada, mas onde o
      esfacelamento desperta ainda memória suficiente
      para que se possa colocar o problema de sua
      encarnação. O sentimento de continuidade torna-
      se residual aos locais. Há locais de memória
      porque não há mais meios de memória (NORA,
      1998, p. 7).

  Os lugares da memória, então, resultam dessa tensão entre o vivido, o narrado, o registrado e o esquecido da maneira como a sociedade os reorganizam. As novas significações dependem do que se habita nos imaginários dos sujeitos com novas lembranças ou apagamentos.

  A memória da cidade é constituída por acontecimentos, lugares, pessoas, personagens. Através das fotos do blog conseguimos revelações de grandes monumentos e acontecimentos de diversas épocas. Na perspectiva de Halbwachs toda memória é “coletiva”, são os grupos sociais que determinam o que é “memorável” e as formas pelas quais se está lembrando. Até o momento, apenas os grupos hegemônicos que dominavam os critérios do que deveria ser lembrado, portanto, até então, era mais fácil só vermos diagnosticada a memória oficial. Esse fenômeno é submetido a transformações constantes. Por isso, Halbwachs acredita que recorremos a testemunhos para reforçar ou esquecer ou para completar o que sabemos de um evento.

       Assim, quando voltamos a uma cidade em que já
       havíamos estado, o que percebemos nos ajuda a
       reconstituir um quadro de que muitas partes
       foram esquecidas. Se o que vemos hoje toma
       lugar no quadro de referências de nossas
       lembranças antigas, inversamente essas
       lembranças se adaptam ao conjunto de nossas
       percepções do presente. É como se estivéssemos
       diante de muitos testemunhos. Podemos
       reconstruir um conjunto de lembranças de
       maneira a reconhecê-lo porque eles concordam
       no essencial, apesar de certas divergências
       (HALBWACHS, 2003, p.29).

  Nora (1998) acredita que esse estoque de memória serve para o que nos seria impossível lembrar

       À medida em que desaparece a memória
       tradicional, nós nos sentimos obrigados a
       acumular religiosamente vestígios,
       testemunhos, documentos, imagens, discursos,
       sinais visíveis do que foi, como se esse
       dossiê cada vez mais prolífero devesse se
       tornar prova em não se sabe que tribunal da
       história. O sagrado investiu-se no vestígio
       que é sua negação. Daí a inibição em destruir,
       a constituição de tudo em arquivos, a
       dilatação indiferenciada do campo do emorável,
       o inchaço hipertófico da função da memória,
       ligada ao próprio sentimento de sua perda e o
       esforço correlato de todas as instituições de
       memória (NORA, 1998, p. 15).

  E por isso hoje as pessoas, grupos ou instituições se sentem autorizadas para consignarem suas lembranças, escrever, fotografar, filmar ou representar suas histórias, por seus autores e seus testemunhos. Sendo assim, o blog “Maria do Resguardo” seria a tentativa de resgatar a história, por necessidade de sobrevivência e reconstrução de uma memória fragmentada da cidade.

  O criador do blog explica a sua motivação em mostrar a história do município para outras pessoas: “Eu não conhecia Juiz de Fora antigamente, sou dos anos 70, praticamente anterior a isso não tinha memória de nada. Foi aí que eu decidi saber como era a cidade e isso despertou meu interesse para o blog” (LEMOS, 2012).

  Halbachs afirma que “nossas lembranças permanecem coletivas e nos são lembradas por outros, ainda que se trate de eventos em que somente nós estivemos envolvidos e objetos que somente nós vimos. Isto acontece porque jamais estamos sós.” (2003, p.30).

  Sobre essa memória que remete ao universo dos imaginários sociais, Pierre Laborie fala da relação do tempo com os sistemas de representações.

       Através da rememoração de fragmentos do
       passado, cada memória social transmite ao
       presente uma das múltiplas representações do
       passado que ela quer testemunhar. Entre
       diversos outros fatores, ela se constrói sob
       influência dos códigos e das preocupações do
       presente, por vezes mesmo em função dos fins
       do presente. (LABORIE, 2009, p.80)

  Nesse sentido é que a memória intervém nas representações dominantes do passado. E a opinião tem papel relevante na validação social e na legitimação da memória a dar credibilidade a seu discurso na divulgação. As fotografias expostas no blog permitem aos usuários fazerem comentários sobre conteúdos bastante diversificados em relação à cidade, tais como: cinema, mídia, praças, política, obras, lojas, etc.

O EXCESSO DE REMEMORAÇÃO PELO MEDO DO ESQUECIMENTO

  A sensibilidade memorial desde a década de 80, como observa Huyssen (2000) tem levado setores ligados à cultura a uma verdadeira obsessão pelo passado. Isso se dá porque a velocidade tem destruído o espaço, apagando a distância temporal. “Quanto mais memória armazenamos em banco de dados, mais o passado é sugado para a órbita do presente, pronto para ser acessado na tela.” (HUYSSEN, 2000, p.74).

  O imediatismo das imagens leva à abolição de alteridade entre passado e presente e a perda da referencialidade no real, fazendo com que ocorra a amnésia. Quanto mais esse excesso de informação e de comercialização a que somos submetidos são causados pelo sentimento do medo de esquecimento tentamos combater esse sentimento com estratégias de rememoração pública e privada

       O enfoque sobre a memória é energizado
       subliminarmente pelo desejo de nos ancorar em
       um mundo caracterizado por uma crescente
       instabilidade do tempo e pelo fraturamento do
       espaço vivido. Ao mesmo tempo, sabemos que
       tais estratégias de rememoração podem afinal
       ser, elas mesmas, transitórias e incompletas.
       (HUYSSEN, 2000, p.20).

  O blog cumpre bem o papel tanto de disponibilizar uma enxurrada de imagens e conteúdos, quanto de trazer à tona as memórias de seu idealizador e da população da cidade. Talvez por isso seja evidente o grande número de fotos de patrimônios, espaços públicos, ou de alguma região importante comercial, política ou historicamente no município. As pessoas não postam fotos da vida privada, o enfoque é no físico da cidade, nos lugares monumentais, de comemoração. Temos, por exemplo, registros da Rua Halfeld, uma das principais do centro, com galerias que transformam a cidade em um grande shopping a céu aberto. Ou então, fotos da Avenida Rio Branco, que é uma das maiores em linha reta do Brasil.(Extensão Total de 6,4 km, sendo 5,7 km em linha reta. Disponível em: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=603703 Acesso em 1 de agosto de 2012.

5 Disponível em: http://mariadoresguardo.blogspot.com.br/ Acesso em 1 de agosto de 2012).

  Alguns marcadores5 são utilizados para organização do material no blog e para facilitar a busca do internauta, sendo os dez com mais conteúdo: “Juiz de Fora Antiga” (446), Bairros (340), Av. Rio Branco (273), Carros (139), Escolas (122), Rua Halfeld (114), Panorâmica (103), Praças (101), Mídia (95) e Igreja (93). Em cada nicho desses misturam-se imagens de diversas datas, não há uma divisão suficientemente clara e objetiva de fotografias, pois as postagens são aleatórias, de acordo com a subjetividade de Lemos (2012).

  O texto inicial escrito pelo colaborador do blog, Emanuel Silva, diz em certo trecho: “Mantemos, com a ajuda dos amigos, o propósito de enriquecer cada vez mais com FOTOS ANTIGAS de Juiz de Fora, este álbum, que é de todos”. Vale considerar a máxima proposta pelo pesquisador colombiano Armando Silva de que o álbum tradicional feito com fotos de papel não morreu. “Persiste em formatos digitais alimentando a mais poderosa rede mundial de intercâmbios de cópias com as quais construímos a imagem de nós mesmos. Agora diante de nossa família-mundo” (SILVA, 2008, p. 13).

  O autor descreve esse processo que acontece na atualidade nas redes sociais

       Então, o álbum, torna-se rede, a família
       aproxima-se da familiaridade, e os amigos, não
       somente os mais próximos, mas também
       desconhecidos, tornam-se os nossos mais
       próximos parentes, com quem compartilhamos o
       dia-a-dia e a quem, em moderna oferenda,
       “permitimos ver” nossas mais íntimas imagens,
       que, deste modo, passam a ser parte de um
       coletivo digital (SILVA, 2008, p. 11).

  E as memórias de lugares ligados através desse coletivo “podem constituir lugar importante para a memória do grupo, e, por conseguinte da própria pessoa, seja por tabela, seja por pertencimento a esse grupo” (POLLAK, 1992, p.3). As trocas afetivas, melancólicas vão revelando memórias subterrâneas ou até desconhecidas da cidade.

MEMÓRIA E ESQUECIMENTO - LIMITES ENTRE REALIDADE E PERCEPÇÃO

  Entre os recursos bastante utilizados como detonador da memória está a imagem. Através delas observamos as formas de vida, os imaginários, as evocações e as retóricas na maneira como os seres concebem a sua história. O álbum de fotografias presente no blog aparece como “marca, memória, mas também palavras, consciência e inconsciência, impressão” (SILVA, 2008, p. 37). Apresenta um aspecto ritualístico de retomar o tempo perdido.

  Quando tratamos de questões subjetivas ao trabalharmos com esse objeto temos o alerta de que a memória apresentada nem sempre é fiel à verdade dos acontecimentos.

       A minha memória... Eu não sei te dizer direito
       não. Depois que eu criei o blog, a minha
       cabeça já abriu tanto que até os locais mais
       simples eu esqueço. Por incrível que pareça,
       porque é muita informação que eu estou tendo
       no momento... E locais que eu nunca tinha ido
       antes e isso me embaralha (LEMOS, 2012).

  No relato de Lemos temos explicitada a consideração de Huyssen sobre as consequências do excesso de rememoração: “no caso mais extremo, os limites entre fato e ficção, realidade e percepção se confundem a ponto de nos deixar apenas com a simulação, e o sujeito pós-moderno se dissolve no mundo imaginário da tela” (HUYSSEN, 2000, p.75).

  Segundo o autor a longo prazo todas estas memórias ativas, vivas e incorporadas no social serão modeladas em grande medida pelas tecnologias digitais. Mesmo assim, ela não pode ser armazenada para sempre, nem protegida, devido ao excesso de memória. Assim, devemos começar a distinguir os passados usáveis dos passados dispensáveis.

  Também devemos levar em conta que a cidade que habita na memória aparece no presente. Mesmo transformados, danificados ou extintos, os lugares e os acontecimentos pretéritos nos acometem. A paisagem confronta as lembranças de antigos locais, de espaços modificados ou de novas construções completamente diferentes do tempo atual a cada esquina.

  Pensar no viés imaginário da população, através do blog, é uma tentativa de construção de uma identidade histórica e afetiva de Juiz de Fora. É pertinente retomarmos o conceito de “lugar da memória” para entender como os locais podem ser importantes para a memória das pessoas

       Existem lugares da memória, lugares
       particularmente ligados a uma lembrança, que
       pode ser uma lembrança pessoal, mas também
       pode não ter apoio no tempo cronológico. Pode
       ser, por exemplo, um lugar de férias na
       infância, que permaneceu muito forte na
       memória da pessoa, muito marcante,
       independentemente da data real em que a
       vivência se deu. Na memória mais pública, nos
       aspectos mais públicos da pessoa, pode haver
       lugares de apoio da memória, que são os
       lugares de comemoração (POLLAK, 1992, p.3).

  Segue outro trecho da entrevista de Lemos, em que ele justamente comenta essas relações dos lugares com a sua memória.

       Tem locais que eu visito e nem sei onde eu
       estou mais... Às vezes eu olho para foto e
       parece que eu estou no local. A gente vai
       incorporando esses locais. O Jardim da
       infância, por exemplo, eu tento achar foto lá
       de dentro e não consigo. Mas, eu sei que um
       dia eu vou achar. É o lugar que eu estudava
       quando era criança, o primeiro local. Quando
       eu vejo aquele local eu me emociono (LEMOS,

       2012).

  E observamos através de outra fala do blogger que o esquecer também constitui a sua memória

       Esse é um grande problema. De tanto ver as
       fotos eu já não sei se fui naquele local ou é
       porque vi a foto várias vezes. Parece que eu
       to vivendo no passado. Eu confundo o futuro
       com o passado. Olho para as coisas e quero
       saber como era antigamente. Na Rua Halfeld,
       por exemplo, quando estou descendo eu a vejo
       sem calçadão, só com paralelepípedos, eu volto
       no tempo (LEMOS, 2012).

  O narrar, esquecer, lembrar, contar são procedimentos ambíguos constantes no interior do sujeito narrador e na exterioridade dos relatos-testemunho. A memória existe ao lado do esquecimento. Para quem conta, a narração combina os dois fatores.

  Outro ponto que chama a atenção no blog é o espaço de histórias e casos de Juiz de Fora, com 08 textos, desde o dia 19 de abril até o dia 04 de agosto deste ano. Seguem os títulos conforme a ordem de postagem: “LEITERIA ASTÓRIA (1967) - Um garçom atento”; “LEITERIA ASTÓRIA (1967) - Experiência científica”; “O Chafariz da Praça (1979)”; “O Bonde (1960...)”; “O PRAZER na Comunicação”; “Sino da meia noite”; “Colégio São José (final década 1960)”; “João “Bidê” conhece o Maracanã (Golpe de 1964)”.

       Juiz de Fora teve casos e histórias muito
       interessantes. Devido ao pessoal que freqüenta
       a loja começar a me contar: “olha eu conheço
       fulano de tal, aconteceu isso com ele...”
       alguns me deram a ideia de fazer um livro
       virtual de acontecimentos da cidade. Você
       escuta uma história e tem que bolar texto pra
       ela... Para não falar a história de forma
       errada. É uma coisa mais trabalhosa. Os
       relatos são em primeira pessoa, mas a gente
       não cita nomes. Em princípio são bem reais
       essas histórias. A gente procura embelezar a
       história. Procuramos dar uma “esticadinha” na
       história. Às vezes as pessoas contam o caso
       com a linguagem da época, ou linguagem
       popular, então a gente procura lapidar,
       melhorar a fala e trazer um pouco para a
       atualidade. Usamos a essência e colocamos
       palavras poéticas, digamos assim... A gente
       procura manter as palavras-chaves na íntegra e
       usar adjetivos mais atuais. O Emanuel, que é
       colaborador, grava com a pessoa distraída.
       Inclusive ele contou um caso de que, na década
       de 60, as pessoas desciam o Morro do Cristo
       com cadeira de hospital na maior loucura

       (LEMOS, 2012).

  Observamos, portanto, que até nos testemunhos a memória que habita interfere na memória do que realmente existiu e na autenticidade dos fatos narrados.

       (…) narrativas são sempre (mesmo quando não se
       trata de “efabulações”, de “produtos da
       imaginação”, de “exageros” susceptíveis de
       provocar o sorriso de outras testemunhas) o
       fruto da memória e do esquecimento, de um
       trabalho de composição e recomposição que
       traduz a tensão exercida sobre a interpretação
       do passado pela expectativa do futuro (AUGÉ,
       2001, p.49).

  O imaginário de Juiz de Fora se encontra disperso em meio a essas novas manifestações da memória coletiva na recuperação da identidade da cidade.

       Essa busca das origens parece responder aos
       efeitos da desestruturação das identidades
       coletivas, propondo uma espécie de ontologia
       coletiva e social. Objeto, imagem ou relato
       são simultaneamente testemunhos da memória e
       elementos de linguagem que permitem
       representar os traços originais desses modos
       de vida desaparecidos (JEUDY, 1990, p.50).

  Os textos apresentados no blog são permeados sob uma abordagem que leva em conta as atitudes, as trocas, as tradições, as alteridades e as práticas sociais das épocas pretéritas.

       Com efeito, em cada nível de narrativa, o
       autor-personagem está implicado ao mesmo tempo
       individual e colectivamente: está implicado
       individualmente porque a pluralidade das
       narrativas em que se vê comprometido afeta
       cada um por si. (…) Por outro lado, a
       narrativa de cada vida não é feita de uma
       sobreposição de narrativas, mas atravessa-as a
       todas com um traço original, idiossincrático;
       e essa narrativa está implicada
       colectivamente, porquanto, por mais solitário
       que possa ser o seu percurso, pelo menos é
       assombrada pela presença do outro, sob a forma
       de um remorso ou de uma saudade; de modo que,
       de maneira diferente mas sempre acentuada, a
       presença do outro ou de outros é tão evidente
       ao nível da narrativa mais íntima quanto a do
       indivíduo singular ao nível mais abrangente da
       narrativa plural ou colectiva (AUGÉ, 2001,
       p.53).

  Esse boom que vem se apresentando nas redes sociais através de grupos do Facebook, blogs, sites que desejam tratar do assunto revelam essa condição de angústia pela preservação da memória.

  CONSIDERAÇÕES FINAIS

  A dimensão espacial, arquitetônica e monumental é trabalhada no blog através de mais de 5 mil fotografias antigas expostas em preto e branco.

  Existem mais fotos de lugares do que de pessoas. A maioria das imagens é apropriada de outros autores: não é do criador do blog ou dos colaboradores. É interessante observar também que não são os próprios fotógrafos ou a família deles que publicam as fotos.

  Existe um distanciamento entre o público e o privado porque as pessoas não postam aspectos da vida comum, situações em família, fotos de si. Muito diferente da exposição narcísica que observamos em redes sociais na atualidade. Parece que nesse exercício de memória não existe o objetivo de definição das identidades pelas pequenas histórias, o que prevalece é a coesão de imagens que revela um todo grandioso, o conhecimento objetivo do mundo.

  Já os textos postados no blog refletem um interesse pelas narrativas que retomem fatos de homens comuns, que não foram registrados na memória oficial do município e até as criações realizadas nas histórias originais, que são afetadas no exercício da memória, podem ser justificadas por esse desejo de criação. Esse contraponto de representações associadas no blog tende a agregar ainda mais valor à obra avaliada.

  Entretanto, deixamos claro que devido à extensão de conteúdo disponível no blog e também ao fato de que esta pesquisa se encontra em andamento, não será possível uma análise mais minuciosa e aprofundada de outras questões que saltam aos olhos de quem acessa a página.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AUGÉ, Marc. As formas do esquecimento. Almada : Íman Edições, 2001. 106p.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2003. 224p.

HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória: arquitetura, monumentos, mídia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000. p.20.

JEUDY, Henri-Pierre. Memórias do Social. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1990.

LEMOS, Marcelo. Entrevista concedida a autora em 09 de junho de 2012.

NORA, Pierre. Entre Memória e História: a problemática dos lugares. Projeto História n.17. São Paulo: PUC, novembro de 1998. p.7-15.

POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992, p. 200-212.

ROUSSO, Henry. “A memória não é mais o que era”. In: AMADO, Janaína e FERREIRA, Marieta (Coords.). Usos e abusos de história oral. Rio de Janeiro: FGV, 1998. p. 94-95.

LABORIE, Pierre. Memória e opinião. In: AZEVEDO, Cecilia; ROLLEMBERG, Denise; BICALHO, Maria Fernanda; KNAUSS, Paulo; QUADRAT, Samantha (orgs.). Cultura política, memória e historiografia. FGV Editora, 2009, p. 79-87
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Manaus, AM – 4 a 7/9/2013

1
O caráter memorial de interações na fan page “Maria do Resguardo” 1
Rafaella Prata RABELLO2
Daniella LISIEUX de Oliveira3
Christina Ferraz MUSSE4
Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG
RESUMO
Neste trabalho analisa-se a formação de memórias a partir de interações dos membros da fan page “Maria do Resguardo” no Facebook. Este espaço virtual promove trocas e relações entre os atores sociais que realizam postagens de fotos antigas da cidade da Zona da Mata Mineira, Juiz de Fora. Por meio da metodologia da etnografia virtual foram reunidas fotografias da fan page “Maria do Resguardo”, fundada em 2009 e com 2.432 membros até o momento. Objetivou-se desvelar as múltiplas representações de Juiz de Fora expostas nas fotografias postadas pelos interagentes, baseadas na memória e no imaginário das pessoas, como referências fundamentais para a habitação desta “cidade imaginária” reconstruída na rede social. Analisando-se comentários, compartilhamentos e postagens, identificou-se que os participantes da fan page utilizam-na como forma de saudosismo em relação ao patrimônio da cidade.
PALAVRAS-CHAVE: Comunicação; memória; Facebook; interações; afetos.
1 INTRODUÇÃO
Ao postar fotos antigas no Facebook, a fan page “Maria do Resguardo”5, criada em torno do tema “fotografias antigas de Juiz de Fora”, cria um laço comum: o da ressignificação espacial da memória da cidade, suas ruas, suas instituições e seus lugares. Essa memória
1 Trabalho apresentado no DT 5 Multimídia - GP Ciberculturas, XIII Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação, evento componente do XXXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.
2 Mestranda da linha "Comunicação e Identidades" do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Jornalista pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF) e graduanda do 8º período de Letras pela UFJF, email: rafaella_prata@hotmail.com.
3 Mestranda da linha "Comunicação e Identidades" do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Especialista em Marketing e Negócios e jornalista pela mesma instituição, email: daniella.lisi@yahoo.com.br.
4 Jornalista, mestre e doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Professora da UFJF no curso de Jornalismo e no Programa de Pós-Graduação em Comunicação, email: musse@terra.com.br.
5 Disponível em: https://www.facebook.com/MariadoResguardo?fref=ts / Acesso em 12 de jul de 2013.
Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XXXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Manaus, AM – 4 a 7/9/2013
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visual e ao mesmo tempo lírica é atiçada pelas fotografias apresentadas, permitindo a manipulação e a reprodução de imagens. A utilização do álbum com 573 imagens atende a sua finalidade tradicional: reescrever a história da cidade através de interações que revelam afetividades. Elas são fruto da lembrança e do esquecimento das pessoas em relação à urbe pretérita. Os habitantes buscam encontrar no álbum as figuras, tempos e espaços que constituem a pequena história pessoal de cada membro, mas que pertencem à memória coletiva da cidade. É necessário lembrar que a fan page “Maria do Resguardo” derivou dos trabalhos do no blog “Maria do Resguardo”6, criado em 2009, na cidade de Juiz de Fora, MG. O blog disponibiliza 5000 imagens, tem 183 membros e possui mais de 220 mil acessos (RABELLO; MUSSE, 2012, p.1).
Ao escolher trabalhar com fan page na rede social Facebook, optou-se por utilizar uma nova ferramenta de comunicação e interação entre as pessoas. Segundo dados divulgados pelo Facebook sobre a sua versão brasileira, são postados ao mês 460 milhões de fotografias nessa rede social7. Nesse artigo, nos interessa entender a dinâmica do Facebook enquanto a representação virtual da interação dos atores sociais na realidade. Para Raquel Recuero (2009) nas redes sociais sempre há capital social gerado pelas apropriações coletivas. Se as pessoas repassam é porque algo ali chama a atenção. A rede é fundamental para os laços sociais, sua criação e manutenção. E nessa rede, a memória individual dos sujeitos se torna a memória da cidade e está é demonstrada nas postagens. As manifestações atuam no reavivamento dessa memória sentimental da cidade de Juiz de Fora.
Para desenhar-se uma cartografia sentimental da cidade de Juiz de Fora, se procurou entender o processo de reavivamento através da fan page “Maria do Resguardo” e, para isso duas linhas de atuação foram trabalhadas. A primeira delas será uma linha teórica que irá se debruçar sobre os eixos de discussão que o assunto suscita: o espaço urbano e sua configuração e o Facebook como espaço de trocas e avivamento da memória. A segunda linha de atuação será o estudo sobre o objeto empírico do nosso artigo.
A metodologia da etnografia virtual foi utilizada na perspectiva de que a Internet é um contexto aberto para interações sociais onde as práticas, significados e identidades são
6 Disponível em: http://www.mariadoresguardo.com.br/ / Acesso em 12 de jul de 2013.
7 Disponível em: http://blogs.estadao.com.br/link/os-numeros-do-Facebook-no-brasil/ Acesso em: 08 de jul de 2013.
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mistos. Tais interações sociais em ambientes virtuais abrem um novo campo de investigação qualitativa. Visando avaliar os objetivos dos conteúdos postados e a receptividade dos interagentes, realizamos uma entrevista com o administrador da fan page, Marcelo Lemos.
2 Memória e Imagem na fan page
O álbum da fan page “Maria do Resguardo” com imagens que constituem a identidade visual da cidade não é apenas memória; é também ruína e rastros. Os rastros são a essência da memória. E os rastros, segundo Paul Ricoeur “estão no presente. Nenhum deles exprime ausência, muito menos anterioridade” (2007, p. 434). No banco de imagens são resgatadas paisagens que se transformaram no passar do tempo ou não existem mais. As fotografias são vestígios das antigas memórias. Ao analisarmos as imagens, as percepções do conteúdo também se tornam uma nova memória a partir de ressignificações e apropriações de fotografias.
Esse sentimento memorialista de reviver uma Juiz de Fora a partir das fotografias “postadas” no computador por sujeitos traz uma aura cultural de uma cidade que habita no imaginário de seus habitantes. Esse afeto devotado a Juiz de Fora é um signo que precisa ser decifrado, especulado, desdobrado na busca de encontrar as figuras, tempos e espaços que constituem as pequenas histórias que marcaram a cidade.
Pierre Nora (1998) defende “os lugares de memória” ao afirmar que se é necessário sacralizar a memória é porque ela não existe mais. Ele acredita que se habitássemos ainda nossa memória, não teríamos necessidade de lhe consagrar lugares. Os lugares da memória, resultam dessa tensão entre o vivido, o narrado, o registrado e o esquecido da maneira como a sociedade os reorganizam. As novas significações dependem do que se habita nos imaginários dos sujeitos com novas lembranças ou apagamentos.
Na perspectiva de Halbwachs (2003) toda memória é “coletiva”, são os grupos sociais que determinam o que é “memorável” e as formas pelas quais ocorrem as lembranças. Até o momento, apenas os grupos hegemônicos dominavam os critérios do que deveria ser lembrado, portanto, até então, era mais fácil só vermos diagnosticada a memória oficial.
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Esse fenômeno é submetido a transformações constantes. Ao utilizar uma ferramenta das novas tecnologias da comunicação, como a Internet, esse grupo social está imbuído em produzir registros de memória, que ajudam a construir a memória coletiva da cidade de Juiz de Fora: seus espaços e seus lugares.
A fan page “Maria do Resguardo” é um espaço de troca de lembranças, de memórias subjetivas das pessoas, de conhecimento, de histórias, que muitas vezes não fazem parte do registro oficial da cidade. Intelectuais, apaixonados pela cidade, cidadãos comuns, pesquisadores... Todos se reúnem na busca de fotos antigas que podem nunca terem sido vistas ou possuídas por muitas pessoas e que se condensam em verdadeiros baús que a comunidade abre para serem compartilhadas. Por isso, Halbwachs acredita que recorremos a testemunhos para reforçar ou esquecer ou para completar o que sabemos de um evento.
Assim, quando voltamos a uma cidade em que já havíamos estado, o que percebemos nos ajuda a reconstituir um quadro de que muitas partes foram esquecidas. Se o que vemos hoje toma lugar no quadro de referências de nossas lembranças antigas, inversamente essas lembranças se adaptam ao conjunto de nossas percepções do presente (HALBWACHS, 2003, p.29).
Além disso, o ato de rememorar é influenciado pelo presente, já que as memórias são afetadas pela subjetividade do momento atual: “a nossa vontade presente tem um impacto inevitável sobre o que e como rememoramos” (HUYSSEN, 2004, p.69). Observamos, portanto, que até nos testemunhos a memória que habita interfere na memória do que realmente existiu e na autenticidade dos fatos narrados, já que: “narrativas são sempre o fruto da memória e do esquecimento, de um trabalho de composição e recomposição que traduz a tensão exercida sobre a interpretação do passado pela expectativa do futuro” (AUGÉ, 2001, p.49). Ao mesmo tempo, Pierre Nora (1998) acredita que esse estoque de memória serve para o que nos seria impossível lembrar, pois: “À medida em que desaparece a memória tradicional, nós nos sentimos obrigados a acumular religiosamente vestígios, testemunhos, documentos, imagens, discursos, sinais visíveis do que foi, [...]” (NORA, 1998, p. 15).
Em relação ao excesso de memória e valorização do passado, chegamos então ao um conceito que gostaríamos de abordar que é o de excesso de memória, preconizado por Andreas Huyssen. A sensibilidade memorial desde a década de 80, como observa Huyssen (2000) tem levado setores ligados à cultura a uma verdadeira obsessão pelo passado. Isso se dá porque a velocidade tem destruído o espaço, apagando a distância temporal. “Quanto
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mais memória armazenamos em banco de dados, mais o passado é sugado para a órbita do presente, pronto para ser acessado na tela” (HUYSSEN, 2000, p.74). E assim, esse excesso de informação e de comercialização a que somos submetidos são causados pelo sentimento do medo de esquecimento. Por isso, tentamos combater esse sentimento com estratégias de rememoração pública e privada.
Vale considerar a máxima proposta pelo pesquisador colombiano Armando Silva de que o álbum tradicional feito com fotos de papel não morreu. “Persiste em formatos digitais alimentando a mais poderosa rede mundial de intercâmbios de cópias com as quais construímos a imagem de nós mesmos. Agora diante de nossa família-mundo” (SILVA, 2008, p. 13). E as memórias de lugares ligados através do coletivo digital “podem constituir lugar importante para a memória do grupo, e, por conseguinte da própria pessoa, seja por tabela, seja por pertencimento a esse grupo” (POLLAK, 1992, p.3). As trocas afetivas, melancólicas vão revelando memórias subterrâneas ou até desconhecidas da cidade. O imaginário de Juiz de Fora se encontra disperso em meio a essas novas manifestações da memória coletiva na recuperação da identidade da cidade.
Os comentários apresentados na fan page são permeados sob uma abordagem que leva em conta as atitudes, as trocas, as tradições, as alteridades e as práticas sociais das épocas pretéritas. “A narrativa está implicada colectivamente, [...] a presença do outro ou de outros é tão evidente ao nível da narrativa mais íntima quanto a do indivíduo singular ao nível mais abrangente da narrativa plural ou colectiva” (AUGÉ, 2001, p.53). Esse boom de imagens que vem se apresentando no Facebook revelam a condição de angústia pela preservação da memória como resposta a aceleração do tempo, a fugacidade do contemporâneo.
3 Cidade e memória: a cartografia do espaço urbano no Facebook
A nostalgia virtual de páginas da web que resgatam a história da cidade e lançam debates sobre a antiga e a nova cidade mineira de Juiz de Fora nos fazem lembrar as cidades e os símbolos comentados por Italo Calvino (1990). As cidades são códigos que pressupõem uma leitura (decodificação). As instituições são alguns dos signos que podem ser reconhecidos nas cidades. A cidade provoca um estranhamento porque existem espaços de
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cultura com orientações e reconhecimentos e também territórios de identidade e pertencimento.
Para Calvino, “confirma-se a hipótese de que cada pessoa tenha em mente uma cidade feita exclusivamente de diferenças, uma cidade sem figuras e sem forma, preenchida pelas cidades particulares”. Essa cartografia imaginária que busca engendrar uma possível legibilidade das cidades é exposta por Renato Cordeiro Gomes (2008). A percepção urbana para o autor é de que a cidade é uma linguagem dobrada em busca de ordenação. Ele considera que “a memória condiciona a leitura da cidade na busca de sentido explícito e reconhecível, que a sociedade moderna já não permite” (GOMES, 2008. p.44). E complementa explicando que: “a relação homóloga entre a cidade e a memória faz-se pela redundância, pelo repetível, marca da Experiência, onde há repetição do que mais profundamente se esquece” (GOMES, 2008. p.44).
Observa-se que, devido ao crescimento expressivo do Facebook, ele comporta-se com características semelhantes à da metrópole, que aglomera inúmeras tribos e promove encontros e desencontros (LISIEUX, 2012, p.2). Ângela Prysthon utiliza os estudos de Janice Caiafa, para definir que a “vida metropolitana forçosamente implica numa constante sensação de deslocamento do homem dentro do mundo” (PRYSTHON, 2007, p.152). Stuart Hall nos chama atenção para ao conceito de deslocamento proposto por Ernest Lacau (1990), onde uma “estrutura deslocada é aquela cujo o centro é deslocado, não sendo substituído por outro, mas por uma „pluralidade de centros de poder‟ ” (HALL, 2000, p.16). O mesmo autor explica que este deslocamento, característico da pós-modernidade, refere-se a sujeitos que assumem diferentes identidades em variados momentos, diferentemente do que ocorria na identidade moderna onde o sujeito possuía identidades fixas e unificadas.
Outra perspectiva é oferecida por Rolnik (2004, p.16) a respeito das representações da cidade: “na cidade escrita, habitar ganha uma dimensão completamente nova, uma vez que se fixa em uma memória que, ao contrário da lembrança, não se dissipa com a morte. Não são somente os textos que a cidade produz e contém (documentos, ordens, inventários) que fixam esta memória, a própria arquitetura urbana cumpre também este papel”. A autora trata da arquitetura enquanto registro da vida social e como consequência os próprios espaços tentam contar a sua história. Por isso ocorre essa demanda de memórias coletivas
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através da preservação de bens arquitetônicos. “Trata-se de impedir que esses textos sejam apagados, mesmo que, muitas vezes, acabem por servir apenas à contemplação, morrendo assim para a cidade que pulsa, ao redor” (ROLNIK, 2004, p.18). A manutenção da cidade provém do trabalho dos moradores e através das redes sociais os mesmos tentam preservar a memória de Juiz de Fora. É o que se comenta adiante, ao tratarmos da fan page “Maria do Resguardo” e das relações dos sujeitos com a vida pública pela rememoração.
4 Álbuns de fotos, álbuns de memórias
A fan page “Maria do Resguardo” possui vinte e oito álbuns de fotos, divididos aleatoriamente. Aparentemente, houve a tentativa de se categorizar as fotos, dividindo-as entre “bairros” e “centro”, “praças” e “teatros”, “panorâmicas”, “bondes” além de fatos marcantes para a cidade, como uma grande enchente que acometeu a cidade na década de 1940. No entanto, devido ao caráter colaborativo da fan page, as categorias acabaram por se confundirem.
Ao analisar-se as postagens e modos de interação com a fan page, observa-se um grande volume de “curtidas”, “compartilhamentos” e “comentários” nas fotos. Seus mais de dois mil integrantes participam ativamente da página, fugindo a uma tendência atual de se “curtir” páginas apenas com o objetivo de participar de sorteios e promoções.
Em entrevista cedida para as autoras deste artigo, o gestor da fan page, Marcelo Lemos, destacou que o levantamento das fotos que são postadas na página demanda tempo e investigação. Este trabalho leva a uma característica positiva desta fan page: A maior parte das fotos possui uma descrição bem detalhada, característica tal não muito comum devido ao imediatismo das informações normalmente compartilhadas nas redes sociais. Ocasionalmente, alguma foto é publicada sem descrição e o gestor solicita auxílio aos membros da página para localizar o endereço, data e situação que envolve aquela imagem.
Observa-se que em todas as fotos postadas pelo menos um comentário de caráter saudosista é realizado. Nas réplicas e tréplicas dos comentários a valorização da Juiz de Fora pretérita é demonstrada. Também se observa uma insatisfação com a cidade atual que, segundo os
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comentários, não valoriza as relações sociais, como o bom relacionamento entre vizinhos, por exemplo.
Os usuários se interessam muito pelas pessoas que aparecem nas fotos. Tentam localizar a si próprios, a amigos, ou até mesmo a entes queridos já falecidos. O glamour de épocas pretéritas também é valorizado nos comentários onde os usuários demonstram acreditar que aqueles momentos eram mais bonitos que os atuais. Até mesmo as mulheres vistas como mais bonitas que as da atualidade.
As imagens que rememoram as linhas de trem de passageiros e do bonde urbano evidenciam o grande impacto da desativação deles no imaginário urbano de Juiz de Fora. Os membros da página mostram sua insatisfação com uma atitude governamental que, segundo eles, destruiu a história para modernizar a cidade.
As fotografias que mais suscitaram interações na rede social são aquelas relativas ao “Cine Excelsior”, um cinema inaugurado em fevereiro de 1958. Desativado desde 1994 e colocado à venda à revelia, o Cine Excelsior foi considerado, até a década de 90, uma das melhores salas de cinema do Brasil. Em 2012, uma foto postada pela fan page “Maria do Resguardo” deste cinema foi visualizada por mais de 11 mil usuários e compartilhada por mais de 200. A partir desta foto, iniciou-se um movimento em prol da reabertura do espaço e pelo tombamento ou pela obtenção da Declaração de Interesse Cultural, liderado pela “Associação dos amigos do Cine Excelsior”. Até o presente momento, o processo de tombamento do prédio como patrimônio histórico da cidade não foi aprovado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural e o prédio deste cinema encontra-se em demolição. Esta postagem sobre o “Cine Excelsior” serve como exemplo de como as interações via redes sociais podem levar a discussões que tenham como objetivo a preservação da memória monumental da cidade.
Expostas algumas características da fan page que trabalha-se neste artigo, prosseguir-se-á para a análise da exposição e discussão da memória via Facebook.
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5 A fan page como local de interação
Derivada do blog homônimo, a fan page “Maria do Resguardo” promove tanto a rememoração da cidade como também discussões sobre os impactos das alterações urbanas na afetividade da população local. As postagens de prédios já demolidos ou que estão abandonados revelam a revolta dos membros da página pelo descaso com a preservação do patrimônio histórico-cultural da cidade. Já as postagens sobre eventos, festividades e pessoas, demonstram um saudosismo por um período em que as relações sociais presenciais eram mais ativas, segundo os membros.
É necessário lembrar que o blog “Maria do Resguardo” foi fundado em 2009, em Juiz de Fora, MG. Ele disponibiliza 5.000 imagens, tem 183 membros e possui mais de 220 mil acessos, no entanto, apesar de existir um local próprio para a postagem de “comentários” sobre as fotos, ele não promove a interação entre blog-visitantes e visitantes-visitantes pelo que se observou na página. Dessa forma, a criação da fan page foi fundamental para chegar até novos membros e interagir com aqueles já existentes.
Sobre a migração ou existência paralela em diferentes mídias, destaca-se da reflexão de Henry Jenkins (2008) sobre a narrativa transmidiática que, segundo ele refere-se a um novo modelo que surgiu em resposta à convergência de mídias, captando as exigências dos consumidores e dependendo da participação ativa das comunidades de conhecimento. Para este autor, a velocidade que informações são partilhadas na rede conduz seus usuários a interagirem entre si, visando atingir um nível de conhecimento compartilhado. Para isso, Jenkins utiliza o conceito de comunidades de conhecimento de Pierre Levy. Para esse autor que refletiu sobre o advento da Internet, “novas formas do pensamento coletivo, novas formas de acesso ao conhecimento, vão acelerar o processo geral de emancipação. Mas não devemos achar que as coisas vão acontecer de forma mágica e imediata” (LEVY, 2001).
Dessa forma, ao aumentar as possibilidades de interação com o conteúdo geral do “Maria do Resguardo”, o gestor adequou-se às necessidades do seu público de interesse da mesma forma que possibilitou a visualização do conteúdo por um público inatingível somente pelo blog. Além disso, a criação da fan page garantiu uma rede de interações que possibilitou a manifestação de memórias individuais e coletivas. Sobre as novas interações promovidas pela rede social, André Lemos afirma que “devemos então reconhecer a instauração de uma
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dinâmica que faz com que o espaço e as práticas sociais sejam reconfiguradas com a emergência das novas tecnologias de comunicações e das redes telemáticas” (LEMOS, 2010, p.156).
Aproveitando a possibilidade de transitar entre Blog e Facebook, o gestor do conteúdo “Maria do Resguardo” sempre disponibiliza links de um e de outro em suas postagens, o que incentiva o acesso ao Blog pelos membros da fan page, que são maioria.
5.1 Manifestação da memória
Analisou-se o conteúdo postado na fan page “Maria do Resguardo” durante uma semana, entre os dias 07 e 13 de julho de 2013 a fim de verificar como a memória se manifesta por meio das fotografias inseridas na time line da página.
No dia 07 de julho, domingo, não houve postagens. No dia 08 uma fotografia do time do Tupi Futebol Clube em janeiro 1952 foi postada. Esta foto foi compartilhada por 21 pessoas e curtida por 45. Nos comentários, os membros tentam reconhecer o local e os jogadores que compunham o time. Além disso, é rememorado o período em que o preconceito ainda reinava na cidade e os negros não eram bem vindos em times de futebol. A memória da discriminação também é levantada por uma usuária: “nos anos 50 ou um pouquinho antes negros não subiam a parte superior da Halfeld e Marechal (acho que à noite), não subiam não. Até eram agredidos se subissem. Tive um pai nascido em 1900.” 8 Também nesta data, foi postada uma foto da Av. Rio Branco, Praça do Riachuelo, em maio 1965. 46 pessoas curtiram a foto e 24 compartilharam. Nela os usuários lembram do “jardim de infância” e dos bondes da cidade: “Dá para se ver o trilho dos bondes, quanta saudade ...........”.
A terceira foto publicada em 08 de julho não foi identificada pelo gestor da página. A imagem mostra uma reunião de pessoas em um salão amplo. Um dos membros auxiliou na identificação do local: “Acredito que seja o Cine São Luis. Note-se os globos luminosos ao fundo. E o único cinema que, em 1955, dava frente para uma praça era o S. Luis, em frente à Praça da Estação.”
8 Rua Halfeld: uma das principais ruas do centro de Juiz de For a, MG. Nela encontra-se o Parque Halfeld e calçadão que concentra grande parte do comércio local. Marechal - Rua Marechal Deodoro, rua situada no centro de Juiz de Fora, paralela à Rua Halfeld, com grande concentração de comércio.
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A quarta imagem publicada nesta mesma data mostra um casamento realizado em 29 de dezembro de 1973. Houve um compartilhamento e 9 curtidas. A identificação do local também foi feita por um dos membros da fan page, desta vez, sem nenhum comentário de caráter afetivo.
A última fotografia postada em 08 de julho de 2013 é de uma rua não identificada pelo gestor da fan page e que possui uma vista panorâmica da cidade. Compartilhada por 12 membros e curtida por 24 o local retratado foi identificado colaborativamente pelos membros. As memórias da infância no local foram manifestadas por um membro: “nossa eu brincava muito de corrida nessa rua ..por ela ser inclinada a gente descia correndo ...ja machuquei muito brincando disso.”
Em 09 de julho de 2013 a fan page “Maria do Resguardo” postou uma série de fotografias do festival “A voz do Bairro”, evento promovido pela Rádio PRB3, em janeiro de 1956. As fotos mostram individualmente as cantoras que participaram do evento. Elas não foram compartilhadas nem comentadas. Alguns membros as curtiram. Também nesta data o gestor adicionou uma foto do frigorífico Atlântico, inaugurado, em janeiro de 1956. Esta foto foi curtida por 22 pessoas e compartilhada por 5. Não houve nenhum comentário. É relevante observar, por meio das interações dos membros da fan page, como as fotos que destacam pessoas individualmente não despertam tanto interesse nos usuários como as fotos de locais e prédios da cidade. As fotos individuais suscitam a memória familiar, aquela que não é compartilhada por membros exteriores. Já as imagens de locais públicos instiga a memória coletiva, aquela compartilhada por membros da comunidade.
Na quarta-feira, dia 10 de julho, não houve publicações na fan page. Já na quinta-feira, dia 11 de julho, foi postada uma fotografia de uma luta de boxe no Telecatch, em julho 1955. 14 pessoas curtiram a foto e apenas uma compartilhou. Nenhum comentário foi feito sobre uma fotografia em que várias pessoas aparecerem e o local não foi identificado. Também nesta data foi postada uma foto da Praça do Riachuelo em homenagem ao soldado, em julho 1955. O único comentário feito diz que a praça era mais bonita naquele período. Esta foto foi compartilhada por 14 membros e curtida por 37.
Uma grande atividade na fan page foi levantada pela postagem de uma foto de pessoas em frente a um ônibus na antiga rodoviária, situada à Av. Getúlio Vargas esquina com Rua São
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João, em julho 1955. Esta fotografia foi curtida por 99 membros e compartilhada por 44. Nos comentários, os usuários lembram a história da empresa que fazia o trecho Juiz de Fora-Rio de Janeiro e até inserem descrições dos ônibus utilizados naquela época. As roupas das senhoras que aparecem na foto também rememoram os períodos estudantis e promovem a interação com outras páginas: “Se não me engano esse uniforme era da ESCOLA NORMAL OFICIAL”. Mais uma vez, a postagem que rememora um local que não mais existe por onde passaram inúmeras pessoas é aquela que desperta maior interesse no público da fan page.
Na sexta-feira, dia 12 de julho, aconteceu a última postagem de foto na fan page, no perído estudado pelas autoras. O autor ficou em dúvida quanto ao endereço do local: “Bairro Bairu, Rua Severino Belfort ou Rua dos Inconfidentes, em junho 1969”. Com o auxílio de um membro, foi definido que trata-se da Rua dos Inconfidentes, antiga Rua da Divisa. Esta foto, que mostra algumas crianças perto de uma obra, foi compartilhada por 24 pessoas e curtida por 21. Novamente, os comentários de caráter afetivo vêm à tona: “Nossa que maneiro é muito legal a gente poder ver como era ali antigamente... poxa eu nasci ali....”.
É preciso destacar que em todas as postagens o gestor da fan page insere link para o Blog nos comentários, no entanto, o Blog não oferece nenhuma informação adicional.
Conclusões preliminares
Após a investigação a fundo da fan page “Maria do Resguardo” e comparação entre o conteúdo disponibilizado pelo Blog homônimo, observa-se que ambos dispõe do mesmo acervo fotográfico e são sincronizados. Além disso, o gestor de ambas as mídias busca constantemente promover a interação entre elas.
Observa-se que a fan page é capaz de atingir um público bem mais extenso que o Blog . Isso pode ser ocasionado pelas ferramentas disponibilizadas pela rede social Facebook. Por meio de comentários, curtidas e compartilhamentos, os usuários difundem os temas em questão com uma velocidade muito maior do que aconteceria somente com as postagens do Blog.
A partir das postagens, os membros da fan page manifestam suas memórias individuais e discutem também as memórias coletivas. Locais públicos, prédios, meios de locomoção e
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eventos são destacados quando já não existem mais. A impossibilidade de revisitar um local ou participar de uma situação cotidiana no pretérito geram uma grande nostalgia entre os usuários.
A rememoração também serve como motivação para buscar a preservação do patrimônio histórico/cultural da cidade, como foi o caso do movimento “Amigos do Cine Excelsior”.
Foi impossível detectar neste estudo a motivação que leva os membros da fan page a curtir, compartilhar e comentar as fotos postadas. Identificou-se que há maior interação nas imagens que retratam lugares e prédios que já não existem mais. Entretanto, para maior detalhamento do perfil dos membros e das motivações que levam à manifestação da memória, seria necessário um trabalho mais detalhado e extenso.
Explicitaram-se as evidências de manifestação da memória nesta rede social que cada vez mais se expande pelo país. Estudar como a memória vem à tona nos novos meios de se comunicação pode levar à trabalhos que garantam a preservação da mesma e que direcionem campanhas para este público em específico.
REFERÊNCIAS
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ANEXOS
Figura 1: Visual da fan page “Maria do Resguardo” em 13 jul. 2013. Disponível em https://www.facebook.com/MariadoResguardo?fref=ts .
Figura 2: Visual do Blog “Maria do Resguardo” em 13 jul. 2013. Disponível em http://www.mariadoresguardo.com.br/ .
Figura 3: Imagem postada pela fan page “Maria do Resguardo” em 08 jul. 2013.
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Figura 4: Imagem postada pela fan page “Maria do Resguardo” em 08 jul. 2013.2.
Figura 5: Imagem postada pela fan page “Maria do Resguardo” em 11 jul. 2013.
Figura 6: Imagem postada pela fan page “Maria do Resguardo” em 12 jul. 2013.


4 comentários:

  1. Dizeres significativos, repletos de emoção e sinceridade por parte de quem os mencionou. O Blog Maria do Resguardo é um trabalho sublime, ímpar, único... O tempo vem mostrando a todos que a melhor obra é aquela que se realiza sem a preocupação de êxito imediato; e os mais gloriosos esforços são aqueles que se colocam as esperanças mais além do horizonte visível por todos nós. Parabéns, Marcelo José Lemos, sua equipe e demais colaboradores que contribuem para divulgar o seu trabalho exemplar. Angelo Creston.

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  2. Olá, bom dia a todos os criadores deste blog. Prezo muito o passado e a história e sempre digo a conhecidos e familiares que aquele que despreza seu passado certamente desvaloriza seu futuro. Marcellus Machado

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  3. Prazer em falar com os criadores do blog. Sempre fui um atento observador espacial e, em especial dessa cidade que sempre foi o meu xodó. Confesso que ando um pouco esmagado pela brutalidade dessa especulação imobiliária que derruba coisas lindas. Mantenhamos contato. Jaures Silva

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